Publicado - Valor Econômico | Data: 15/05/2024
Patrimônio de FIDCs deve chega a R$ 2,8 trilhões em 2030, projeta estudo

A expectativa é que, no prazo de dez anos, o mercado de capitais ultrapasse os bancos no segmento de crédito, segundo o levantamento da gestora Ouro Preto Investimentos


Por Rita Azevedo
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O patrimônio líquido dos fundos de investimento em direitos creditórios (Fidcs) deve chegar a R$ 2,8 trilhões em 2030 — mais de seis vezes o volume atual. A projeção é de um estudo elaborado pela gestora Ouro Preto Investimentos e antecipado ao Valor.

Em termos de números de fundos, o esperado é que eles cheguem a 2,7 mil ao fim de 2024 e 6,2 mil em 2030. Até fevereiro deste ano, eram 2,36 mil, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) que serviram de base para o estudo.

Segundo João Peixoto, diretor-presidente da Ouro Preto, as projeções foram feitas a partir de dados dos últimos três anos, com a adoção de premissas conservadoras. É possível que o crescimento desse tipo de fundo seja ainda maior, afirma.

“Do ponto de vista regulatório, está tudo pronto para o avanço deste mercado. O que deve impulsionar ainda mais será o desenvolvimento de tecnologia”, diz.

O crescimento dos Fidcs deve acompanhar o movimento de migração das operações de crédito dos bancos para o mercado de capitais. “Está ocorrendo uma revolução porque o crédito está deixando de depender dos bancos, um segmento econômico altamente concentrado, e passando para o mercado de capitais na forma pulverizada. O mercado de crédito está se tornando cada vez mais descentralizado, distribuído e especializado”, afirma.

A expectativa é que, no prazo de dez anos, o mercado de capitais ultrapasse os bancos no segmento de crédito, segundo o estudo. Atualmente 76% da carteira de crédito está nas mãos de instituições bancárias, mas, em 2034, o cenário poderá ser outro, com o mercado de capitais ficando com 51% de todo o crédito.

A projeção considera, além dos Fidcs, outros instrumentos como debêntures, certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio.

O lado positivo desse avanço, diz Peixoto, é que o investidores encontrarão um universo maior de produtos para investir. A concorrência entre bancos e outros instrumentos do mercado também podem proporcionar melhores condições para os tomadores de crédito.

“Do lado negativo, porém, deve aumentar o risco para o investidor, já que hoje o mercado bancário é concentrado em poucos nomes, que são instituições sólidas, com risco menor”, afirma.

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